quinta-feira, junho 19, 2008

Da derrota

À medida que percorro em passo rápido a relva do jardim, hipnotizada pelo ondulado verde escuro das tílias, sinto o torpor estranho da cidade, numa tensão latente à beira da explosão.

As ruas estão desertas, não há trânsito, das janelas abertas para o parque ressoam de vez em quando gritos ou insultos a acompanhar uma jogada, pressente-se que o jogo está duro quando em pelo menos três apartamentos, homens nervosos assomam à varanda com gestos de desesperada espera, há um silêncio barulhento na rua sem a hora de ponta do costume, o verde torna-se lentamente mais escuro e só a minha respiração ofegante enche de suor a tarde, desisto do jogging e de um ou outro pensamento metafísico.

Acabo por me render a ver a segunda parte do jogo no café do bairro, entre cervejas e camisolas da selecção.

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