sábado, junho 07, 2008

Futebolãndia

Quem está hoje de urgência ou prevenção já sabe. Durante a hora do jogo de futebol,os serviços vão estar vazios e vamos andar pelos corredores a olhar uns para os outros e para os doentes que ficaram do turno da manhã.
Em compensação, os doentes que entrarem entretanto vão ser verdadeiras urgências, daqueles casos de vida ou morte ou incidentes agudos que não podem esperar até ao intervalo. Poucos mas verdadeiros.
O que é ainda mais estranho é que este padrão acontece sempre em ocasiões como jogos de futebol ou outros e eventos "igualmente importantes". Fica entre aspas, porque continuo a pasmar como é que um país inteiro para e fica literalmente suspenso – até nos acidentes graves e nos incidentes críticos – por causa de um jogo de futebol.
Sabemos também que, mal acabe o jogo, vai haver rum pico súbito de afluência de pessoas com queixas várias, acidentes, intoxicações, crianças magoadas porque os pais estavam a ver a bola.
Tudo isto não é pontual – é cíclico e recorrente e permite-nos fazer uma reflexão sobre os padrões de utilização dos serviços de urgência da nossa população.

Até lá, horas e horas de directos, semi-directos e pseudo-notícias sobre trivialidades, de tal maneira que Portugal, o mundo, os problemas, as notícias, ficam soterradas a um canto do delírio patriótico com o futebol.

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