Vejo com alguma surpresa esta ofensiva criacionista em Portugal. Contudo, parece-me que se tem feito demasiado alarido entre a comunidade científica ou filo-científica e entre estes têm sido dadas algumas mostras de intolerância que julgaria ser «exclusiva» desses «criacionistas». O frequente recurso ao insulto e à desqualificação por parte de «blogues» filo-científicos também não me parece ser um bom sinal. Pelo contrário, isto dá mais espaço aos criacionistas.
Neste «post» é usada uma expressão relativamente comum, mas que levanta algumas objecções: «a ideologia religiosa», colocada depreciativamente em oposição a «o conhecimento científico». Pergunto:
- Existe «a» ideologia religiosa? Existe um fenómeno global único a que se possa caracterizar como «a ideologia religiosa», que se comporta uniformemente? É tal «ideologia» necessariamente contrária ao conhecimento científico? É exacto o uso do termo? Qual a extensão do termo «ideologia» quando tratamos de religião? Implica tal oposição que a ciência está livre de «ideologia(s)»?
- Implica tal suposta «ideologia religiosa» o «facto» do confronto com «o conhecimento científico»? Não ignora o «post» um dado fundamental, o de que uma atitude religiosa não tem que excluir necessariamente uma posição científica? Dá este «post» razão dos muitos cientistas que leram o Génesis religiosamente, sem qualquer espécie de conflito com a sua actividade científica?
No meio destas polémicas parece-me ainda pertinente notar o seguinte:
- Em Portugal uma boa parte da comunidade científica e filocientífica padece ainda de um ingénuo positivismo (talvez tenham que ler mais Paul Feyerabend e outros «hereges»…).
- Tanto criacionistas como (alguns) evolucionistas cometem o erro de não saberem respeitar abordagens próprias: os criacionistas querem mascarar textos religiosos de ciência, enquanto alguns evolucionistas pretendem transformar a ciência em conhecimento metafísico definitivo. E nisto reedita-se algo do caso Galileu. O que é uma pena.
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Vejo com alguma surpresa esta ofensiva criacionista em Portugal. Contudo, parece-me que se tem feito demasiado alarido entre a comunidade científica ou filo-científica e entre estes têm sido dadas algumas mostras de intolerância que julgaria ser «exclusiva» desses «criacionistas». O frequente recurso ao insulto e à desqualificação por parte de «blogues» filo-científicos também não me parece ser um bom sinal. Pelo contrário, isto dá mais espaço aos criacionistas.
Neste «post» é usada uma expressão relativamente comum, mas que levanta algumas objecções: «a ideologia religiosa», colocada depreciativamente em oposição a «o conhecimento científico». Pergunto:
- Existe «a» ideologia religiosa? Existe um fenómeno global único a que se possa caracterizar como «a ideologia religiosa», que se comporta uniformemente? É tal «ideologia» necessariamente contrária ao conhecimento científico? É exacto o uso do termo? Qual a extensão do termo «ideologia» quando tratamos de religião? Implica tal oposição que a ciência está livre de «ideologia(s)»?
- Implica tal suposta «ideologia religiosa» o «facto» do confronto com «o conhecimento científico»? Não ignora o «post» um dado fundamental, o de que uma atitude religiosa não tem que excluir necessariamente uma posição científica? Dá este «post» razão dos muitos cientistas que leram o Génesis religiosamente, sem qualquer espécie de conflito com a sua actividade científica?
No meio destas polémicas parece-me ainda pertinente notar o seguinte:
- Em Portugal uma boa parte da comunidade científica e filocientífica padece ainda de um ingénuo positivismo (talvez tenham que ler mais Paul Feyerabend e outros «hereges»…).
- Tanto criacionistas como (alguns) evolucionistas cometem o erro de não saberem respeitar abordagens próprias: os criacionistas querem mascarar textos religiosos de ciência, enquanto alguns evolucionistas pretendem transformar a ciência em conhecimento metafísico definitivo. E nisto reedita-se algo do caso Galileu. O que é uma pena.
Alef
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