quarta-feira, abril 18, 2007

Não há questões estritamente metafísicas.

Todas as questões metafísicas ou as questões de fé podem conduzir a questões de investigação científica.

“Fenómenos” como experiências místicas intensas, a oração ou crença em Deus podem ser investigadas.

2 comentários:

Anónimo disse...

1. Mas... «experiências místicas intensas», «a oração», «a crença em Deus» são em algum sítio questões «estritamente metafísicas»?

Que se entende aqui por metafísica?


2. Quando a ciência investiga questões metafísicas (mas como é que o faz, se são «metá»?), as suas respostas são respostas metafísicas?


3. Peguemos numa das questões mais conhecidas da Metafísica: «O que é o Ser?». Ou outra, relacionada: «Porque existe o Ser e não o nada?». Como é que a ciência investiga esta questão? Eu proponho ainda outra questão, que me parece ainda mais importante que a do Ser e aparentemente mais simples: «O que é a realidade?» Pode a ciência responder cabalmente a esta pergunta? E, repito, se lhe responder/respondesse, será/seria ainda ciência no sentido habitual?


4. Uma pergunta, por analogia com as várias investigações que dizem «observar» tantos fenómenos no cérebro: compreende-se um romance ou um poema pela análise física do livro? Pela análise do cérebro? Comprende-se o pensar pelos dados neurológicos? Compreende-se o homem unicamente pela ciência?

Alef

Vítor Mácula disse...

Olá, bluesmile.

Pois, mas cuidado com a ingenuidade epistemológica… o que nós estudamos e analisamos não é a realidade em si, ou directa, mas as nossas representações e conceitos (por isso a identidade de algo pode ser estudada do ponto de vista metafísico, biológico, psicológico, cultural, etc) Ou seja, cada método de acesso e significado, produz um “modo de representação” que não corresponde ao mesmo visto por outro prisma, daí que a aferição neuronal da experiência não exprime, por exemplo, o vivido da experiência, e muito menos, o seu sentido pessoal ou cultural ou religioso… mas o seu sentido e significado biológico.

A ideia de que a representação da ciência moderna contém mais verdade, ou a verdade final que explica todos os outros modos de representação, parece-me uma ilusão (ou um despotismo dum modo de representação) tão curioso como outro qualquer… excepto no sentido que é a mais premente no mundo ocidental contemporâneo em que vivo.

Que haja uma unidade no conjunto de “modos de representação” duma apresentação qualquer… suspeita-se, ou acredita-se ;)

Ou seja, não há questões estritamente seja o que for.

Beijos