domingo, outubro 08, 2006

Cartoon 4 - Os vendedores de banha da cobra



Depois há um outro grupo de intelectuais, políticos e jovens estudantes de esquerda, que um pouco ingenuamente entram nesta discussão com estratégias agitando a bandeira dos direitos humanos. Igualmente com as tias Babás, afirmam defender os direitos das mulheres, com slogans como a barriga é minha e o corpo é meu.
Sendo eu mulher, considero claramente que ninguém, mas absolutamente ninguém tem direito ao meu corpo, ao meu útero ou à limitação da minha liberdade de determinação sexual ou das minhas decisões sobre maternidade. Ninguém pode impor a ninguém a violência de uma gravidez forçada. Ninguém. Nem a igreja, nem o Papa, nem os ideólogos políticos de qualquer quadrante.
Ninguém tem direito a dispor do corpo de outrem. Ninguém tem o direito de coisificar, manipular ou destruir outrém. E isso não se aplica apenas às mulheres mas a todas as pessoas humanas, incluindo os nascituros, que, não sendo ainda pessoas, podem vir a sê-lo, num continuum desenvolvimental. Ou seja, um embrião de cinco semanas , não é ainda uma Pessoa, mas não é um mioma uterino que possa ser extirpado sem qualquer ponderação ética, ou valorização cuidadosa. È por isso merecedor de tutela jurídica.
Interromper uma gravidez nunca é um bem em si mesmo, que possa ser apresentado como um Direito da Mulher, e acarreta riscos para a saúde física e emocional das gestantes. Riscos que podem ser reduzidos drasticamente em ambientes clínicos controlados é verdade, mas que existem, tal como existem riscos para qualquer gravidez e parto.Além disso, o Direito à Escolha tem para mim um sentido abrangente. Escolher significa ter liberdade pra discernir livremente e condições materiais concretas para optar livremente. Uma mulher que aborta porque não tem condições materiais para aceitar mais um filho ou porque está pressionada pelo marido ou porque sabe que a gravidez significa ficar no desemprego, não está a escolher. Em boa verdade, não tem Escolha.
O direito á escolha passa sobretudo e antes de mais por afirmar o direito à contracepção eficaz e à maternidade segura, o direito a ter infra-estruturas de acolhimento para idosos e crianças, o controle da vergonhosa especulação imobiliária, a melhoria das condições económicas globais e a questão do desemprego, uma efectiva protecção jurídica e social à maternidade e paternidade, por combater a violência contra as mulheres, e sobretudo por fomentar a efectiva paridade de papeis no que respeita à conciliação da vida profissional com a vida familiar.

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