Se as palavras que um cristão tem para dizer, continuamente, é que se vive numa cultura de morte é porque vive de olhos fechados para a vida.
MC, no Jardim de Luz
terça-feira, outubro 31, 2006
segunda-feira, outubro 30, 2006
Referendo
Porque será que quem tem posições fáceis e certezas definitivas relativamente a esta questão são:
a) Homens
b) Mulheres sem filhos ou em idade em que já não podem engravidar.
Tenho observado em silêncio e questionado este padrão.
Onde está a linguagem da humanidade, a que somos obrigados?
a) Homens
b) Mulheres sem filhos ou em idade em que já não podem engravidar.
Tenho observado em silêncio e questionado este padrão.
Onde está a linguagem da humanidade, a que somos obrigados?
Momento zen do dia
terça-feira, outubro 24, 2006
Razões do Não
Por lapso imperdoável confundi o blogue Razões do Não com o outros blogues do Não.
Passe embora a proximidade da linguagem e dos objectivos, há que distinguir veementemente o Blogue da Manuel, que pretende um debate sereno, de outros blogues subscritos por "camisas negras" e neofascistas onde o terrorismo é lei.
Aqui ficam as minhas desculpas ao manuel
e a sugestão de que escolha....
outro nome?
Passe embora a proximidade da linguagem e dos objectivos, há que distinguir veementemente o Blogue da Manuel, que pretende um debate sereno, de outros blogues subscritos por "camisas negras" e neofascistas onde o terrorismo é lei.
Aqui ficam as minhas desculpas ao manuel
e a sugestão de que escolha....
outro nome?
Bastonário da Ordem dos Médicos
"Se os médicos de família não estivessem tão assoberbados com tanto trabalho burocrática teriam muito mais tempo para fazer educação para a saúde. Para dar informação aos doentes.
Para a OM não é claro, antes pelo contrário, que a vida se inicie no momento da fecundação.
E portanto há formas eficazes de actuação, como a contracepção de emergência, conhecida como a pílula do dia seguinte.
O debate sobre o referendo não deve passar pela defesa da vida, mas manter-se estritamente legal. ."
Excelente entrevista no Público, amavelmente divulgada pelos Padres Inquietos.
Da Vida e da Mulher
Quinhentas mil mulheres morrem todos os anos devido a complicações durante a gravidez ou parto, a maioria das quais vive nos países mais pobres do planeta, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).
Em África, uma em cada vinte mulheres morre devido a complicações durante a gravidez ou parto.
Salvar-se-iam mais vidas se as mulheres tivessem acesso a um planeamento familiar voluntário para que os nascimentos sejam suficientemente espaçados, se tivessem assistência de agentesde saúde qualificados e cuidados obstétricos de emergência .
A morte de uma mãe antes ou durante o parto é uma tragédia humana a nível individual, familiar e da sociedade em geral. A probabilidade de sobrevivência do recém-nascido e também dos outros filhos diminui muito quando a mãe morre".
Em África, uma em cada vinte mulheres morre devido a complicações durante a gravidez ou parto.
Salvar-se-iam mais vidas se as mulheres tivessem acesso a um planeamento familiar voluntário para que os nascimentos sejam suficientemente espaçados, se tivessem assistência de agentesde saúde qualificados e cuidados obstétricos de emergência .
A morte de uma mãe antes ou durante o parto é uma tragédia humana a nível individual, familiar e da sociedade em geral. A probabilidade de sobrevivência do recém-nascido e também dos outros filhos diminui muito quando a mãe morre".
segunda-feira, outubro 23, 2006
"O Manuel iniciou um blogue em que defende as penas de prisão até três anos para as mulheres que abortam até ás 10 semanas e já tem publicidade em sites tradicionalistas e nacionalistas ( (um eufemismo para neonazis).
Chama-se blogue do Não.
Quadro de Paula Rego
Consequências do simplismo
A propósito da biblioteca de Hitler, pejada de obras pseudo-científicas e de ocultismo, JPP
considera que :
“Esta sub-literatura, afim das teorias da conspiração actuais, era lida por pessoas que não tinham muita formação e escolaridade, mas que queriam ter a "ciência" do seu lado, uma "ciência" que não precisava de ser muito complexa e era uma projecção da sua vontade e ideias sobre sociedade e cultura.”
Não posso deixar de reflectir que esta análise se aplica integralmente às “justificações científicas” que alguns invocam para fundamentar ideologias de género com repercussões no Direito Penal.
Fotografia - Crianças judias no campo de Birkenau
.
sexta-feira, outubro 20, 2006
A verdade é perene
"Vejo a frescura de ideias da Anabela Mota Ribeiro, o gesto heróico da Catarina Portas a informar-nos de que já tinha abortado e “tá a ver, deveria estar presa!” e pergunto-me se é com esta insustentável ligeireza que as meninas acham que arrastam consciências.
E o senhor bispo de Viseu, que acaba de descobrir o holocausto, o padre João Seabra, autoproclamado “pároco do povo da Madragoa” que, sobre o direito a abortar das mães portadoras de bebés deficientes, prefere falar da “deficiência das gravidezes programadas dos casais pós-modernos”!
O que sabem eles do que falam? Que valor ético pode ter o seu testemunho? Quem os poderá tomar como exemplo, escutar-lhes o sermão, aplaudir as suas fundas “convicções”?
Um dia, quando for mentalmente crescida, a Catarina Portas há-de envergonhar-se da sua patética proclamação. Um dia, quando perceber que, no mundo de hoje – onde é tão fácil e tão tentador não ter filhos –, o verdadeiro heroísmo não está na bravata pública de se anunciar abortante e militante, mas sim no orgulho silencioso de ter dado vida e condições de vida a outros.
Um dia, quando for capaz de um exercício cristão de humildade, o padre João Seabra há-de arrepender-se da desumanidade que representa o seu discurso ex-cátedra.
Em boa verdade, e já que estamos em época de proclamações grandiloquentes, eu também faço a minha: deste referendo só deveriam ser admitidos a votar os que tiveram filhos. São os únicos que sabem do que estão a falar. São os únicos que têm um termo de comparação."
Miguel Sousa Tavares, Público, 26/6/98
E o senhor bispo de Viseu, que acaba de descobrir o holocausto, o padre João Seabra, autoproclamado “pároco do povo da Madragoa” que, sobre o direito a abortar das mães portadoras de bebés deficientes, prefere falar da “deficiência das gravidezes programadas dos casais pós-modernos”!
O que sabem eles do que falam? Que valor ético pode ter o seu testemunho? Quem os poderá tomar como exemplo, escutar-lhes o sermão, aplaudir as suas fundas “convicções”?
Um dia, quando for mentalmente crescida, a Catarina Portas há-de envergonhar-se da sua patética proclamação. Um dia, quando perceber que, no mundo de hoje – onde é tão fácil e tão tentador não ter filhos –, o verdadeiro heroísmo não está na bravata pública de se anunciar abortante e militante, mas sim no orgulho silencioso de ter dado vida e condições de vida a outros.
Um dia, quando for capaz de um exercício cristão de humildade, o padre João Seabra há-de arrepender-se da desumanidade que representa o seu discurso ex-cátedra.
Em boa verdade, e já que estamos em época de proclamações grandiloquentes, eu também faço a minha: deste referendo só deveriam ser admitidos a votar os que tiveram filhos. São os únicos que sabem do que estão a falar. São os únicos que têm um termo de comparação."
Miguel Sousa Tavares, Público, 26/6/98
É possível?
É possível (...) que não se tenha visto, conhecido e dito nada de real e importante?
É possível que se tenha tido milénios para olhar, reflectir e anotar
e que se tenha deixado passar os milénios como uma pausa escolar, durante a qual se come fatias de pão com manteiga e uma maçã?
Sim, é possível.
É possível que, apesar das investigações e dos progressos, apesar da cultura, da religião e da filosofia, se tenha ficado na superfície da vida?
É possível que até se tenha coberto essa superfície - que, apesar de tudo, seria qualquer coisa - com um pano incrivelmente aborrecido, de tal modo que se assemelhe aos móveis da sala durante as férias de Verão?
Sim, é possível.
(...) É possível que nada se saiba das raparigas que, no entanto, vivem?
É possível que se diga «as mulheres», «as crianças», «os rapazes» e não se faça a mínima ideia (apesar de toda a cultura não se faça a mínima ideia) de que há muito que estas palavras não têm plural, mas apenas inúmeros singulares? Sim, é possível. "
Rainer Maria Rilke, in 'As Anotações de Malte Lauridis Brigge'
Momento Zen
Violência infantil:
"E se me chateias, obrigo-te a comer as bolachinhas da Floribela!!!!!
"E se me chateias, obrigo-te a comer as bolachinhas da Floribela!!!!!
terça-feira, outubro 17, 2006
O medo vai ter tudo
O medo vai ter tudo
pernas ambulâncias
e o luxo blindado de alguns automóveis
Vai ter olhos onde ninguém o veja
mãozinhas cautelosas
enredos quase inocentes
ouvidos não só nas paredes
mas também no chãono teto
no murmúrio dos esgotos
e talvez até (cautela!)
ouvidos nos teus ouvidos
O medo vai ter tudo
fantasmas na ópera
sessões contínuas de espiritismo
milagres
cortejos
frases corajosas
meninas exemplares
seguras casas de penhor
maliciosas casas de passe
conferências várias
congressos muitos
óptimos empregos
poemas originais
e poemas como este
projetos altamente porcos
heróis(o medo vai ter heróis!)
costureiras reais e irreais
operários(assim assim)
escriturários(muitos)
intelectuais(o que se sabe)
a tua voz talvez
talvez a minha
com a certeza a deles
Alexandre O'Neill
(...)
(1) O Poema Pouco Original do Medo, in " Abandono Vigiado", 1960
Bateu á porta, num intervalo das aulas da tarde. Por norma, o meu gabinete está sempre disponível para os alunos, mesmo fora das horas de atendimento. Alegou uma dificuldade na bibliografia.
Mas depois, desasbafou que queria falar comigo por causa de uma matéria da última aula. SEntou-se nervosamente , começou a falar. O que me disse aquela jovem mulher de olhos sereníssimos, durante mais de duas horas, deixou-me a alma a sangrar.
Pensa-se muitas vezes que a violência contra as mulheres só sucede em famílias disfuncionais, classes baixas, pessoas com dificuldades económicas. Mas uma jovem pode ser alvo das brutalidades mais indizívesi se tiver o azar ou o acaso de começar a namorar muito cedo com um indivíduo perturbado. A história desta menina era isso mesmo - um namoro precoce com um indivíduo mais velho, de boas famílias e um certo contexto social que apoiava o envolvimento.
E eis uma menina bem, com uma família amorosa e estável a passar em silêncio pelas barbaridades mais abjectas que envolviam a agressão física e s exual, às mão do namorado bem comportadinho ...
Arrastou a situação durante dois anos até que um dia se apercebeu que estava grávida. E aí o horror tomou conta dela, num súbito despertar. SE ele descobrisse, se a família descobrisse , era obrigada a casar por pressão social. Definitivamente ficaria presa àquele violentador o resto da vida.
E de repente , contou-me ela, isso deu-lhe forças inimagináveis. O horror que sentia pela gravidez indesejada era tanta que pensou seriamente no suicídio. E subitamente, no meio daquele abismo descobriu nela mesma uma vontade radical de sobreviver e de se libertar.
SEm ajuda de ninguém nem pais, nem namorado, recorreu ao aborto clandestino. Pediu dinheiro emprestado a uma amorosa avó que pensava que estava a financiar uma compra mais exuberante. Abortou sozinha, com uma colega de turma que a acompanhou de taxi.
Nunca se sentiu tão liberta como nesse dia, confidenciou-me.
Tão segura que nunca, mas mesmo nunca permitiria que ninguém mais lhe fizesse mal.
Terminou com o namorado por telefone, ante o escãndalo dos pais por renunciar um rapaz tão educado e com um futuro invejável.
Está convicta duma coisa - se ele sonhasse sequer com aquela gravidez incipiente haveria de persegui-la sem descanso.
Felizmente que nesse ano entrou para a faculdade, mudou de cidade, de amigos.
Ele desinteressou-se subitamente por ela, como um brinquedo gasto. Ela agradeceu.
Tem agora um namorado doce a atento que a ajudou a reconstruir-se por dentro.
"Ainda bem que abortei," disse-me ela. "SE não fosse isso, não teria sobrevivido".
Mas depois, desasbafou que queria falar comigo por causa de uma matéria da última aula. SEntou-se nervosamente , começou a falar. O que me disse aquela jovem mulher de olhos sereníssimos, durante mais de duas horas, deixou-me a alma a sangrar.
Pensa-se muitas vezes que a violência contra as mulheres só sucede em famílias disfuncionais, classes baixas, pessoas com dificuldades económicas. Mas uma jovem pode ser alvo das brutalidades mais indizívesi se tiver o azar ou o acaso de começar a namorar muito cedo com um indivíduo perturbado. A história desta menina era isso mesmo - um namoro precoce com um indivíduo mais velho, de boas famílias e um certo contexto social que apoiava o envolvimento.
E eis uma menina bem, com uma família amorosa e estável a passar em silêncio pelas barbaridades mais abjectas que envolviam a agressão física e s exual, às mão do namorado bem comportadinho ...
Arrastou a situação durante dois anos até que um dia se apercebeu que estava grávida. E aí o horror tomou conta dela, num súbito despertar. SE ele descobrisse, se a família descobrisse , era obrigada a casar por pressão social. Definitivamente ficaria presa àquele violentador o resto da vida.
E de repente , contou-me ela, isso deu-lhe forças inimagináveis. O horror que sentia pela gravidez indesejada era tanta que pensou seriamente no suicídio. E subitamente, no meio daquele abismo descobriu nela mesma uma vontade radical de sobreviver e de se libertar.
SEm ajuda de ninguém nem pais, nem namorado, recorreu ao aborto clandestino. Pediu dinheiro emprestado a uma amorosa avó que pensava que estava a financiar uma compra mais exuberante. Abortou sozinha, com uma colega de turma que a acompanhou de taxi.
Nunca se sentiu tão liberta como nesse dia, confidenciou-me.
Tão segura que nunca, mas mesmo nunca permitiria que ninguém mais lhe fizesse mal.
Terminou com o namorado por telefone, ante o escãndalo dos pais por renunciar um rapaz tão educado e com um futuro invejável.
Está convicta duma coisa - se ele sonhasse sequer com aquela gravidez incipiente haveria de persegui-la sem descanso.
Felizmente que nesse ano entrou para a faculdade, mudou de cidade, de amigos.
Ele desinteressou-se subitamente por ela, como um brinquedo gasto. Ela agradeceu.
Tem agora um namorado doce a atento que a ajudou a reconstruir-se por dentro.
"Ainda bem que abortei," disse-me ela. "SE não fosse isso, não teria sobrevivido".
segunda-feira, outubro 16, 2006
Dez reis de esperança
Se não fosse esta certeza
que nem sei de onde me vem,
não comia, nem bebia,
nem falava com ninguém.
Acocorava-me a um canto,
no mais escuro que houvesse,
punha os joelhos á boca
e viesse o que viesse.
Não fossem os olhos grandes
do ingénuo adolescente,
a chuva das penas brancas
a cair impertinente,
aquele incógnito rosto,
pintado em tons de aguarela,
que sonha no frio encosto
da vidraça da janela,
não fosse a imensa piedade
dos homens que não cresceram,
que ouviram, viram, ouviram,viram,
e não perceberam,
essas máscaras selectas,
antologia do espanto,
flores sem caule, flutuando
no pranto do desencanto,
se não fosse a fome e a sede
dessa humanidade exangue,
roía as unhas e os dedos
até os fazer em sangue.
António Gedeão
que nem sei de onde me vem,
não comia, nem bebia,
nem falava com ninguém.
Acocorava-me a um canto,
no mais escuro que houvesse,
punha os joelhos á boca
e viesse o que viesse.
Não fossem os olhos grandes
do ingénuo adolescente,
a chuva das penas brancas
a cair impertinente,
aquele incógnito rosto,
pintado em tons de aguarela,
que sonha no frio encosto
da vidraça da janela,
não fosse a imensa piedade
dos homens que não cresceram,
que ouviram, viram, ouviram,viram,
e não perceberam,
essas máscaras selectas,
antologia do espanto,
flores sem caule, flutuando
no pranto do desencanto,
se não fosse a fome e a sede
dessa humanidade exangue,
roía as unhas e os dedos
até os fazer em sangue.
António Gedeão
Decência e Liberdade
" O debate sobre o referendo ao aborto, em Portugal, está a tomar alguns contornos bizarros. (....) Tanto dum lado como do outro há regras de decência e linguagem que devem pautar os discursos, na apresentação honesta de argumentos e razões pró ou contra. "
António Rego
António Rego
domingo, outubro 15, 2006
Pasmaceira vigiada
Abrupto, no seu melhor:
"Por último, há uma razão muito simples, que ninguém quer admitir, e que tem a ver com a permanência nos valores mentais, nos hábitos da nossa democracia, dos quadros do Portugal de Salazar. Valores como o "respeitinho", a hipocrisia pública, a retórica antipolítica, a tentação de considerar que o suprapartidário é bom, a obsessão pelo "consenso", o medo da controvérsia, a cunha e a clientela, mesmo a corrupção pequena, a falta de espírito crítico desde as artes e letras até à imprensa e Igreja, tudo vem do quadro do salazarismo e reprodu-lo. O medo do conflito, essa tenebrosa herança de 48 anos de censura, permanece embrenhado na vida política da democracia e isso dá vida à nostalgia da pasmaceira vigiada de Salazar."
sábado, outubro 14, 2006
Os novos Inquisidores
"Na sua versão moderna, o dogma exprime-se assim: "Se tu emites uma opinião acerca dos factos da vida com a qual eu não concordo, tu não podes ser senão uma pessoa moralmente desprezível, e portanto uma má pessoa". Os seus defensores partem então daqui para a promoção do insulto, da chacota, do ostracismo social, do ódio e do assassínio de carácter, provavelmente porque, por enquanto, ainda não podem assassinar mais nada."
Pedro Arroja no Blasfémias
António Marto "chocado" com Fátima
Não é o único.
Uma cidade feia, sem critérios urbanísticos, um santuário de gosto duvidoso, a proliferação da negociata fácil e do comércio Kitsh.
Mas, face á pertinente indignação do Bipo, a pergunta que fica no ar é esta – Igreja é isenta de culpas? Ou a "fabricação " de Fátima, em termos urbanos deu-se á revelia e sem o incentivo da Igreja?
quarta-feira, outubro 11, 2006
As novas tecnologias da informação, sobretudo as experiências de comunicação através da Internet trouxeram uma verdadeira revolução nos modelos e paradigmas clássicos da comunicação humana. A principal característica da comunicação através da rede é que se realiza num sistema de realidade virtual. Castells (2000) define realidade virtual como um sistema simbólico em que a própria realidade (ou seja, a existência física, material e simbólica das pessoas) é completamente absorvida e imersa num cenário de imagem virtual, num mundo de faz de conta, em que a realidade percepcionada não está apenas no ecran de computador, através do qual a experiência é comunicada, mas se transforma na própria experiência em si mesma. Outra das características do novo sistema de comunicação baseada na digitalização electrónica (Internet) e na integração em rede de múltiplos modos de comunicação, é a sua radical inclusividade, inteligibilidade e capacidade para integrar todas as formas de expressão humanas – culturais, científicas, políticas, do conhecimento, etc.
terça-feira, outubro 10, 2006
Pró-Vida
O suicídio é a causa de morte de aproximadamente um milhão de pessoas, no mundo, todos os anos. Trata-se de um importante problema de saúde pública, sendo ainda a principal causa de mortalidade entre os adolescentes e adultos jovens.
Até ao fim deste post, haverá pelo menos uma pessoa que pôs intencionalmente termo á sua própria vida.
As doenças mentais, particularmente a depressão e abuso de substâncias, estão associados a mais de 90% de todos os casos de suicídio. Contudo, este resulta de vários factores socioculturais complexos e ocorre, sobretudo, durante períodos em que se registam situações de crise a nível socioeconómico, familiar e individual.
Identificar os sinais de alerta, diagnosticar e tratar a doença mental , dar apoio eficaz ás pessoas com comportamento suicidários, são algumas das linhas de prevenção do suicídio.
segunda-feira, outubro 09, 2006
Momento Zen do dia
Hoje foi o Dia Mundial dos Correios e as crianças tiveram direito á visita de um técnico dos CTT e a explicações várias sobre o seu funcionamento.
Conclusão:
“Mãe, gostava de ser uma carta. Andava sempre a passear de um lado para ao outro, com autocolantes na bochecha.”
( Os selos, presumo).
Conclusão:
“Mãe, gostava de ser uma carta. Andava sempre a passear de um lado para ao outro, com autocolantes na bochecha.”
( Os selos, presumo).
O Limbo fechou
"A ideia de Limbo, concebida para salvaguardar a necessidade do baptismo para a salvação eterna, nunca chegou a ser considerada pela Igreja como verdade de fé, e o novo Catecismo da Igreja Católica nem sequer se lhe refere. Aliás, já Bento XVI, em 1984 - na altura Joseph Ratzinger, enquanto presidente da Congregação para a Doutrina da Fé -, tinha dito que o Limbo era apenas uma hipótese teológica. Ou seja, a sua existência não era oficial."
No entanto, o Limbo fez parte da doutrina tradicional da Igreja durante largos séculos.
Um bom exemplo de que nem sempre a Tradição doutrinária corresponde à Verdade e pode não passar de mera hipótese teológica historicamente situada e portanto mutável.
No entanto, o Limbo fez parte da doutrina tradicional da Igreja durante largos séculos.
Um bom exemplo de que nem sempre a Tradição doutrinária corresponde à Verdade e pode não passar de mera hipótese teológica historicamente situada e portanto mutável.
Os terroristas
É vulgar certas correntes de opinião usarem o terrorismo verbal ou a propaganda violenta para impor a sua ideologia. Por exemplo, certos movimentos radicais ditos pró-vida não hesitam em recorrer ao homicídio ou aos atentados bombistas para fazer prevalecer o seu "amor pela vida humana".
Os cartazes com imagens falsas, os bonecos falsos, as falácias fáceis , são também utilizados com frequência.
Tão chocantes como isso são os pretensos filmes (provavelmente falsos) que circulam na net em que se visualizam abortos. De duvidosa credibilidade , estes filmes situam-se, no plano ético , ao mesmo nível dos filmes que que circulam na net com material de pornografia infantil ou de violações "ao vivo" de mulheres.
É o mesmo tipo de material, foi obtido provavelmente da mesma forma - brutalizando as vítimas e sem a sua autorização.
Quem divulga estes filmes e os coloca on line nos seus blogues pessoais ou sites institucionais coloca-se no mesmo plano dos que divulgam material pedófilo on-line - revela desta forma tudo o que há a revelar sobre sobre os seus próprios valores éticos.
Os cartazes com imagens falsas, os bonecos falsos, as falácias fáceis , são também utilizados com frequência.
Tão chocantes como isso são os pretensos filmes (provavelmente falsos) que circulam na net em que se visualizam abortos. De duvidosa credibilidade , estes filmes situam-se, no plano ético , ao mesmo nível dos filmes que que circulam na net com material de pornografia infantil ou de violações "ao vivo" de mulheres.
É o mesmo tipo de material, foi obtido provavelmente da mesma forma - brutalizando as vítimas e sem a sua autorização.
Quem divulga estes filmes e os coloca on line nos seus blogues pessoais ou sites institucionais coloca-se no mesmo plano dos que divulgam material pedófilo on-line - revela desta forma tudo o que há a revelar sobre sobre os seus próprios valores éticos.
domingo, outubro 08, 2006
Cartoon 4 - Os vendedores de banha da cobra
Depois há um outro grupo de intelectuais, políticos e jovens estudantes de esquerda, que um pouco ingenuamente entram nesta discussão com estratégias agitando a bandeira dos direitos humanos. Igualmente com as tias Babás, afirmam defender os direitos das mulheres, com slogans como a barriga é minha e o corpo é meu.
Sendo eu mulher, considero claramente que ninguém, mas absolutamente ninguém tem direito ao meu corpo, ao meu útero ou à limitação da minha liberdade de determinação sexual ou das minhas decisões sobre maternidade. Ninguém pode impor a ninguém a violência de uma gravidez forçada. Ninguém. Nem a igreja, nem o Papa, nem os ideólogos políticos de qualquer quadrante.
Ninguém tem direito a dispor do corpo de outrem. Ninguém tem o direito de coisificar, manipular ou destruir outrém. E isso não se aplica apenas às mulheres mas a todas as pessoas humanas, incluindo os nascituros, que, não sendo ainda pessoas, podem vir a sê-lo, num continuum desenvolvimental. Ou seja, um embrião de cinco semanas , não é ainda uma Pessoa, mas não é um mioma uterino que possa ser extirpado sem qualquer ponderação ética, ou valorização cuidadosa. È por isso merecedor de tutela jurídica.
Interromper uma gravidez nunca é um bem em si mesmo, que possa ser apresentado como um Direito da Mulher, e acarreta riscos para a saúde física e emocional das gestantes. Riscos que podem ser reduzidos drasticamente em ambientes clínicos controlados é verdade, mas que existem, tal como existem riscos para qualquer gravidez e parto.Além disso, o Direito à Escolha tem para mim um sentido abrangente. Escolher significa ter liberdade pra discernir livremente e condições materiais concretas para optar livremente. Uma mulher que aborta porque não tem condições materiais para aceitar mais um filho ou porque está pressionada pelo marido ou porque sabe que a gravidez significa ficar no desemprego, não está a escolher. Em boa verdade, não tem Escolha.
O direito á escolha passa sobretudo e antes de mais por afirmar o direito à contracepção eficaz e à maternidade segura, o direito a ter infra-estruturas de acolhimento para idosos e crianças, o controle da vergonhosa especulação imobiliária, a melhoria das condições económicas globais e a questão do desemprego, uma efectiva protecção jurídica e social à maternidade e paternidade, por combater a violência contra as mulheres, e sobretudo por fomentar a efectiva paridade de papeis no que respeita à conciliação da vida profissional com a vida familiar.
Cartoon 3 - Os hipócritas
O debate sobre a despenalização do aborto ainda não começou e já se agitam algumas tendências.
Os que defendem a manutenção da pena de prisão até três anos para mulheres que voluntariamente abortam em fases muito iniciais da gravidez, usam agora uma roupa mais fresca, mais clean, mistura de morangos com açúcar e jovem devota do bloco de esquerda convertida recentemente ao movimento comunhão e libertação, com um toque de tia dondoca da linha em versão soft.
Tudo para a populaça, coitados, uns incultos, ou melhor, uns pobrezinhos, compreenderem a importância do não. As Bibis,as XaXás, as Pittás e outras que tais, aparecem organizadamente a defender os pretensos direitos das mulheres, sobretudo o direito inalienável de lhes ser reconhecido definitivamente a supremacia moral do estatuto de parideiras oficiais. Isso lhes basta. Falam do direito à maternidade e até , deliciosamente, do direito à escolha e de coisas igualmente fashion-clinic como o Homeschooling, o regresso ao papel da fada do lar por amor às lides domésticas, o dever de parir dez ou vinte rebentos - de preferência um em cada ano, que isto da taxa de natalidade E DA CRISE DA SEGURANÇA SOCIAL é o que se sabe, e defendem com afinco as piquenas das pobezinhas das empregadas e assim... que coitadinhas sofrem horrores com essa coisa do aborto, sobretudo o famoso síndrome pós-aborto. Claro que muitas dessas pobezinhas também sofrem gravíssimos síndromes post–parto, depressões durante a gravidez, depressões post- parto e até psicoses puerperais Não lhes ocorre sequer pensar que as vulnerabilidades sociais associadas a oscilações biológicas e hormonais expliquem mais certos síndromes do que o castigo pelo pecado ou a culpa induzida a posteriori por movimentos religiosos.
Esquecem-se ainda que os traumas psicológicos e emocionais (além dos risco para a saúde e vida da mulher) relacionados com o aborto podem ter várias explicações, uma das quais são as condições obscenas em que se pratica, na clandestinidade e da violência que isso representa para as mulheres mais desprotegidas, "que experimentam no seu corpo um procedimento cruel e degradante".
Claro que as Babás, as Lilis, as XaXás , as Bebés e as Xuxus, também já abortaram. Ou pelo menos conhecem de certezinha uma amiga intima, uma filha ou uma irmã ou uma tia que abortaram e que elas acompanharem discretamente às clínicas in, seguríssimas e assépticas onde foram realizar uma piquena intervenção, sob anestesia e sem trauma, hemorragias ou perfurações intrauterinas. Se houvesse estatísticas fidedignas, sobre a distribuição de IVG por grupos sociais em Portugal a surpresa seria imensa.
Mas as Babás, as Lilis, as XaXás , as Bebés e as Xuxus só recorrem ao aborto por motivos nobres e cleans, que nada têm a ver com essas porcas dessas abortadeiras * que andam por aí a gritar que a barriga é delas e que, se não houver uma lei com pena de prisão, hão de pôr-se em filas ás portas dos hospitais para abortar.
* - linguagem comunmente utilizada pelos defensores da pena de prisão.
Cartoon 2 - Os psicóticos
Para lá deste bando de tias esvoaçantes, algumas com conversas meta-intelectuais sobre conceitos clínicos ou jurídicos, há um outro grupo.
Os homens. Aqui a imagem é diferente – falam como pretensos peritos em questões metafísicas vedadas ao mulherio – princípios jurídicos, Bioética, filosofia dos valores, ideário político, epistemologia do conhecimento científico.
Quando abordam a questão da despenalização do aborto, o rosto é sempre o mesmo, a voz desce pelo menos duas tonalidades, os olhos oscilam entre a dureza macha e a perplexidade estudada, o tom é sempre sério e sombrio, cheio de lugares comuns. Alguns adoptam a postura sorumbática de julgadores eméritos e condescendem a esclarecer-nos sobre os limites éticos dessas coisas do mulherio.
Afirmam despudoradamente que a actual lei se deve manter, até porque ela não se aplica na prática. Ou seja, invocam o efeito dissuasor da lei para convictamente defender que, não só ela não é aplicada, porque ninguém se sente vinculado por ela, como não é desejável que o seja. E por isso não deve ser alterada.
E dizem este raciocínio alarve com um ar seriíssimo, sem o menor pestanejar de ridicularia, do pedestal do seu saber jurídico. Enfim, sem pudor.
Os homens. Aqui a imagem é diferente – falam como pretensos peritos em questões metafísicas vedadas ao mulherio – princípios jurídicos, Bioética, filosofia dos valores, ideário político, epistemologia do conhecimento científico.
Quando abordam a questão da despenalização do aborto, o rosto é sempre o mesmo, a voz desce pelo menos duas tonalidades, os olhos oscilam entre a dureza macha e a perplexidade estudada, o tom é sempre sério e sombrio, cheio de lugares comuns. Alguns adoptam a postura sorumbática de julgadores eméritos e condescendem a esclarecer-nos sobre os limites éticos dessas coisas do mulherio.
Afirmam despudoradamente que a actual lei se deve manter, até porque ela não se aplica na prática. Ou seja, invocam o efeito dissuasor da lei para convictamente defender que, não só ela não é aplicada, porque ninguém se sente vinculado por ela, como não é desejável que o seja. E por isso não deve ser alterada.
E dizem este raciocínio alarve com um ar seriíssimo, sem o menor pestanejar de ridicularia, do pedestal do seu saber jurídico. Enfim, sem pudor.
strong>Cartoon 1 - Os aldrabões
Cartoon 1 - Os aldrabões
Neste grupo vislumbram-se algumas batinas mais radicais e jovens imberbes com ar de bloquistas de esquerda desiludidos, beatas sinceras e domésticas .Uma mistura interessante do Diácono Remédios com teocratas de gravata que dão aulas em universidades.
Declamam sem hesitações que a interrupção da gravidez, mesmo que realizada nas primeiras semanas é “o homicídio de um ser humano inocente e indefeso.”
Ou seja, partem da afirmação definitiva, sem qualquer base científica, de que o embrião, nas primeiras fases do seu desenvolvimento, é uma Pessoa humana, e que por isso merece uma tutela jurídica plena.
A ser assim, é para mim completamente inexplicável que defendam a manutenção da actual legislação, em que a moldura penal para o crime de aborto é de três anos de prisão efectiva. Se estes ideólogos religiosos fossem coerentes, ou se acreditassem mesmo que se tratava do homicídio de um ser humano inocente e indefeso , naturalmente que só poderiam exigir um agravamento da moldura penal : a equiparação da sanção penal do aborto á sanção penal do homicídio, com uma pena de prisão efectiva até aos 25 anos.Nenhum o faz.
Concluindo:
OU estes ideólogos prisionais são completamente incongruentes relativamente aos valores que apregoam ( incluindo os princípios ético jurídios mais essenciais)
Ou defendem que a destruição de um embrião, embora seja um ser humano, é menos digna de juízo de censura e de sanção penal do que a morte de uma criança – esse sim, um ser humano. Estabelecem pois uma hierarquia entre vários tipos de seres humanos, em que uns mereceriam uma tutela mais restrita do que outros. Esta posição é completamente insustentável do ponto de vista jurídico-penal.
Pelo que a razão é outra:
Ao não colocarem am causa a questão do agravamento da moldura penal para o crime de aborto revelam a sua convição mais íntima – bem lá no fundo da sua consciência ético jurídica, eles sabem perfeitamente que meia dúzia de células indiferenciadas não são uma pessoa humana.
posted by BLUESMILE at 30.9.06 | 0 comments links to this post
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