Quando era miúda, o que mais me indignava nas historias evangélicas era a falta de educação de jesus com a própria mãe. Em boa verdade em nenhum sitio do Evangelho existe um único relato de respeito, de especial consideração e obediência. Um único gesto de carinho filial. Nada. Zerinho. Jesus chega a enxotar a mãe que vai aflita a sua procura, com os outros filhos atrás. Renega a própria família, o seu sangue, a sua carne, parece um daqueles adolescentes com vergonha da pacovice da mãe que o vai buscar, mal vestida, ao colégio dos meninos betos. Até na cena do primeiro milagre, aparece um jesus agressivo, chateado, a meter a velha no seu lugar, que ainda não era tempo de fazer uma milagrezito peticionário.
Não sei como inventaram depois a ideia de que esta mulher judia, rejeitada por todos, a começar pelo marido passando pelo filho mais velho, era afinal uma deusa poderosa.
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