"Nos antigamentes da “Outra Senhora” era naturalmente à
boca-pequena que se murmurava um chiste anti-salazarista de largo espectro de
acção perfurante. Tratava-se de determinar com exactidão qual era, de facto e
deveras, o número de saias com acesso ao gabinete privadíssimo do ditador. Ao
contrário da boa prática tão própria dos mais exímios contadores de anedotas,
começo pelo fim, esclarecendo desde já o enigma. Eram sete, as tais saias.
Contai-as comigo.
A da D. Maria, criada de e para todo o serviço. Uma.
A do Cerejeira, cardeal-patriarca do regime tão mais
católico quão menos cristão. Duas.O doutor Bissaya Barreto, influente e reservado confidente
da tenebrosa aventesma, conta sozinho por mais duas (bi+saia). Vamos, portanto,
em quatro.
E as outras três?
As outras três eram todas, e só, do Povo. Do Povo, sim,
posto que quando, por absurdo, distracção ou milagre, o Povo lograva penetrar
no tugúrio oficial do Salazar, este, histérico de repugnância e eriçado de nojo
à vista da comum gente, apalitava-se logo nas aracnídeas canelas e guinchava:
“Saia! Saia! Saia!”
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