Sentei-me agora, a descansar um pouco, manhã quase natalícia para ler um texto do Vítor. É um dos textos mais densos e profundos que li nos últimos tempos e diz quase tudo sobre o essencial da vida, da esperança, da Fé, da ausência e da presença. Por várias razões pessoais, considero este texto, escrito para Rita Quintela, um texto blogosférico, um presente pessoal de natal, de deus para mim.
"Que
a última sílaba seja vida e alegria, em detrimento de todos os males e
horrores da existência, é algo que constante e constitutivamente se nos
escapa no frasear da própria vida, e que nesse mesmo escapar se nos
revela como uma fome, um clamor, algo que nos chama do fundo da própria
vida: toma-me, estou aqui, basta dares apenas um passo, apenas uma
palavra. Procura o sentido: eu sou.
O
sentido não tem identidade nem forma, é como a brisa que arde e o
silêncio que ecoa: facilmente se apaga a primeira e se ensurdece o
segundo; tão frágil e evanescente como o sorriso da criança antes de
morrer, como a mão de qualquer mortal a acolher a nossa: porque raio uma
vida frágil teria de ter um sentido forte? Deus é forte na fraqueza, na
minha, e na sua própria fraqueza: é ao tornar-se mortal, que Deus
mostra o seu próprio caminho e ser; é no abandono de Deus que se consuma
a paixão de Cristo; é no desânimo dos discípulos que se ergue a
ressurreição; e a interrogação é reposta na sua intensificação máxima, a
sua conjugação temporal passa a ser - a eternidade: qual o sentido
desta merda se isto fôr desde e para sempre e para nunca, e nada se
perca nem o mínimo cabelo ou palavra por mais vãos e insignificantes que
sejam?
Eu sou: vem e segue-me."
Sem comentários:
Enviar um comentário