terça-feira, dezembro 04, 2012

Estamos a saque

A história do pagamento do ensino secundários conta-se em duas penadas. Até aqui os colégios privados viviam à fartazana à  custa do erário público. Com os lucros provenientes dos contratos de associação, a maior parte deles não necessários, autofinanciavam-se e lucravam. Sobrava o secundário, não financiado pelo Estado em que as propinas elevadas eram pagas por uma classe média (ou média alta) com esforço, normalmente com o objectivo de encarreirarem os seus infantes para medicina à custa de notas inflaccionadas ( e pré-pagas) do sistema privado.
O que mudou, nos últimos dois anos?
Muita coisa. Em primeiro lugar, o último governo de José Sócrates  fez um forte investimentos nas escolas públicas que passaram a ter excelentes condições físicas, arquitectónicas, de recursos, materiais educativos e  laboratórios, a milhas da parca qualidade dos colégios privados.  SE a isto somarmos a qualidade do corpo docente das escolas públicas - em geral muito superior ao do ensino privado - percebemos que a tal classe média ou média alta passasse a olhar com inevitável inveja e um notório incómodo para as excelentes  condições oferecidas pela escola pública, praticamente gratuita .Então eles que pagavam propinas no secundário, algumas obscenas,  tinham piores condições que o filho da empregada lá de casa?  Mesmo assim o ganho secundário parecia compensar - ter notas automaticamente mais elevadas que os alunos do ensino público.
Entretanto a crise económica e as restrições salariais começaram a afectar seriamente esta classe média. O que aconteceu? Uma fuga em massa dos colégios privados ( no secundário) para a escola pública.O alerta soou. E a solução aí está - inventem-se propinas  para a escola pública, para reverter a sangria. E de preferência financiam-se os colégios privados com mais contratos de associação pagos pelo erário público.
Não tarda nada começam vender ao desbarato as nossas escolas secundárias aos abutres do ensino privado.
Isto tem um nome - estamos a saque.

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