Ermelinda gostava de lupanares. A solidão era longa, a fome negra, em janeiro acordava gelada na sua cama, onde ocupava invariavelmente o lado direito. Do lado esquerdo a colcha imaculada permanecia lisa, os bordados dos lençóis sem qualquer vinco, a almofada onde ninguém poisara a cabeça, jazia incólume. O lado esquerdo da cama era a fronteira do seu desvario.
Por isso mesmo, toda gente sabia, sempre que a via saír com a melena armada e verve de possidónia, que ia dar um passeio higiénico ao lupanar mais próximo. Adorava ginginha, da mais rasca, conversetas de fim de dia, decotes adiados. Sempre que podia deleitava-se em menage a trois. E as combinações eram sempre invulgares. Eles um bocadinhos zarolhos, de canelas esticadas, elas velhas airosas a bambolear coxedo, e um ou outro efebo, mais ou menos solícito, a abrilhantar a performance de intelectuais da noite.
Por isso mesmo, toda gente sabia, sempre que a via saír com a melena armada e verve de possidónia, que ia dar um passeio higiénico ao lupanar mais próximo. Adorava ginginha, da mais rasca, conversetas de fim de dia, decotes adiados. Sempre que podia deleitava-se em menage a trois. E as combinações eram sempre invulgares. Eles um bocadinhos zarolhos, de canelas esticadas, elas velhas airosas a bambolear coxedo, e um ou outro efebo, mais ou menos solícito, a abrilhantar a performance de intelectuais da noite.
De caminho, mais consolada, Ermelinda passava pela igreja onde se persignava vinte vezes antes de rezar um pai nosso. Em latim, pois claro.
E nessa noite dormia sempre no lado esquerdo.
Da cama.
E nessa noite dormia sempre no lado esquerdo.
Da cama.
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