Como é que um Salazarista chapado pode ter sensibilidade com o sofrimento dos outros?. Devia ter coragem para dizer que sempre que os trabalhadores se queixavam com fome eram espancados e presos por a GNR.Já lhe disse a ele que também sou Alentejano e sei muito bem como as coisas se passavam.Como pode alguém que defende acerrimamente os latifundiarios dos campos do Alentejo ter sensibilidade com o sofrimento dos camponeses?Assisti a situações deste tipo. A miséria era de tal ordem que as pessoas nem dispunham de dinheiro para comprar meio litro de petroleo para cozinhar, juntavam-se em grupo e iam "roubar" lenha (as mulheres geralmente) , chegando por vezes a percorrer varios Kms. Cada latifundio tinha sempre um couteiro montado num cavalo munido de uma espingarda vigilante de dia e de noite, o malandro deixava as desgraçadas fazer o feixe de lenha, quando chegavam à saida da propriedade barrava-lhe o caminho, obrigava-as a irem meter a lenha de onde a tinham tirado, juntava os feixes de lenha num monte e dava-lhe fogo, nem as cordas deixava tirar . Eram situações que aconteciam diáriamente.
Outra situação que jamais esquecerei embora fosse muito novo, no ano da revolta por a jornada de trabalho das oito horas de trabalho, houve um criminoso (não tem outro nome) que combinou com o pessoal que dava as oito horas, depois recusou-se. Apenas um trabalhador tinha relogio, disse aos outros que estava na hora de sair e foi-se embora, sairam todos atrás dele. O resultado foi que levou uma tareia no posto da GNR e passou nove meses em Caxias.... o teu Alentejo não era diferente do meu, a fome a miséria o atraso e a opressão eram endemicos em todos os cantos.
Lê o José saramago em "Levantado do Chão" é a realidade nua e crua daquilo que se passava
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