domingo, novembro 11, 2012

Lida numa caixa de comentários

"Eu lembro-me 'dos pobres' em frente à casa do meu avô a rezar e a gente a acabar de almoçar tranquilamente a ouvi-los lá fora. Lembro-me de ser pequeno e ouvir aquela choradeira que me incomodava enormemente ao ponto de, ainda hoje, me lembrar disso, volvidos 40 anos.
- Vai lá deolinda. Dá-lhes isto e aquilo.
Quando o meu avô ia à varanda levava-me com ele e eu via aquelas dezenas de pessoas lá fora, a rezar - à espera.
E estava lá entre eles o paulo e o zé manel com quem eu brincava. Eles estavam do lado de lá. E escondiam-se no meios das pernas dos adultos. Pobres, todos eles. Eu olhava para os meus amigos e eles para mim e acenava-lhes e eles a mim.
Odeiei esses tempos. O azar do berço de uns. A sorte de se ter nascido ali ou acolá determinava a vida futura. Ainda hoje olho para o paulo e para o zé manel e penso que nunca tiveram as mesmas oportunidades do que eu. O paulo é soldador de alfaias agricolas o zé trabalha numa empresa de construção - conduz as maquinas das obras. Esses tempos não eram bons para a maioria das pessoas. ao contrario do que querem alguns fazer passar. Não tinham dividas, mas tinham muito pouco."

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