Hoje imagino as palavras de inúmeras
Linguagens subitamente livres
Depois de uma longa clausura
Na fortaleza da gramática, de repente revoltada,
Enlouquecida pelo cunho
Do obsoleto poder militar.
Elas ultrapassaram os constrangimentos da frase
Para procurar a livre expressão num mundo sem inteligência,
Quebrando as cadeias do bom senso, do sarcasmo
E do ridículo do decoro literário.
Assim liberta as suas ridículas
Posturas e os seus gritos apelam unicamente ao ouvido.
Elas dizem, «Nós que nascemos da tempestuosa sintonia
Da primeira exalação da terra
Entrámos em nós próprias logo que o sangue palpitou
Levando a negligente vitalidade do homem a transformar-se em dança
[na sua garganta.
(in «Poesia», de Rabindranath Tagore - com selecção e tradução de José Agostinho Baptista),
Assírio & Alvim, Maio 2011, 2.ª edição
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