Assim que aprendi a ler tornei-me uma devoradora compulsiva de livros. Uma autêntica bulímica de literatura, uma viciada em letras. Literalmente. Não consigo passar sem ler. A minha avó afligia-se, entrava-me no quarto de madrugada a apagar a luz e tirar-me livros das mãos. O meu avô fechava livros do salão à chave. Aos 12 anos já tinha consumido os clássicos portugueses. Atirei-me aos franceses. Com 13 anos já tinha digerido Balzac, Victor Hugo e Zola. Depois atirei-me ao Tolstoi. Em casa só havia uma versão francesa, La Guerre et la Paix . Não sei como me atrevia. E Dostoievski. E Stendhal.
Ao vinte anos tive pela primeira vez uma estranha sensação.
Não havia mais nada para ler.
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