domingo, maio 06, 2012

Memórias de um Portugal salazarento

"Os senhores proprietarios de antigamente, numa determinada altura do ano, bem me lembro, atiravam comida e roupas para as pessoas que estavam lá fora. Não foi assim à muito tempo. Ninguem gosta que fale nisto. Era mais ou menos assim: reuniam-se uma centena de pessoas à frente da Casa a rezar e os senhores mesmo depois de ouvir aquelas suplicas continuavam a almoçar vagarosamente. Nesse dia os Senhores até abriam as melhores garrafas para deleite da familia e amigos chegados. Duas horas depois lá vinham calmamente para a porta, no varadim, e cada peça de comida ou roupas eram atiradas para o povo, para a raia miúda que se embrulhavam uns com os outros.
Aquela cena preenche-me a memória até hoje. "

Retirado de uma caixa de comentários, a propósito das cenas do Pingo Doce



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