Dionísio andava aflito com a promessa feita.
Próstata tirada, cirurgia que só quem é homem é que sabe das aflições nocturnas, o espectro da impotência atormentava-o mais que as dores. Dionísio deu por si a rezar aflitas avé-marias a pedir erecções a sério. Nossa senhora deve ter escutado a sua súplica de cão semicastrado, pois volvidos uns meses, o pénis adormecido dava-lhe novos maravilhamentos sem urgências urinárias.
Fiel à promessa, Dionísio buscou por todo lado uma vela em formato fálico, para ir agradecer o milagre no altar de mundo.
Se havia oferendas em cera de todos os tamanhos e feitios, meninos e meninas inteiros, bébés de 30 centímetros, pernas, cabeças, corações e úteros fabricados aos milhares, porque não haveria ele de cumprir a promessa e oferecer uma réplica do seu bem mais precioso? Haverá algo mais importante que um orgasmo?
E como neste mundo tudo se arranja, haja dinheiro, Dionísio lá conseguiu uma vela de cera em formato óbvio. E para que não desse nenhum fanico às beatas ou ânsias incómodas a algum padre de saias, arranjou maneira de ir queimar a oferenda lá pela madrugada, quando o santuário está vazio de boas almas e se torna um deserto de estátuas.
Aliviado, ficou a ver a estatueta a consumir-se nas chamas, entre suspiros e estalidos de piras incandescentes.
Uma grande paz desceu-lhe sobre o peito, arrequentado de fé. Algures, nossa senhora sorria.
Aliviado, ficou a ver a estatueta a consumir-se nas chamas, entre suspiros e estalidos de piras incandescentes.
Uma grande paz desceu-lhe sobre o peito, arrequentado de fé. Algures, nossa senhora sorria.
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