segunda-feira, julho 05, 2010

De passagem

Onfem jantei num sítio rodeada de gente feia.
As gentes riam, comiam e bebiam numa animação distante da realidade, naquele festim festivaleiro de quem tem de aproveitar as tardes sem trabalho.
Semiembriagadas mulheres exibiam as olheiras, camisolas muito justas ao corpo, 
barrigas e mamas despudoradamente flácidas,
os homens riam-se-lhes à gargalhada em desdentados bigodes,
o suor a escorrer-lhes nas t-shirts de manga cava,
elas impúdicas e fartas nas mellhores  blusas coloridas como velhos papagaios decadentes,
havia quem ousasse uma pulseira,
dessas de feira a imitar as pulseiras- personalizadas-em-prata-com-berloques-de-várias-cores-e-formas que as senhoras-bem coleccionam para se lembrarem da queca memorável,
do aniversário do filho, ou do dia em que o paulinho entrou no quadro da empresa,
muito rímel, bastante, sapatos altos plastificados e carteiras douradas a condizer,
a rapaziada de brinco reluzente na orelha  a imitar o cristiano ronaldo
e a fazer as contas de quanto falta
para a próxima dose. 

Fiquei de repente sem apetite nenhum e com uma enorme vontade de dançar.

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