sexta-feira, julho 09, 2010

"E, de repente, num dia como outro qualquer, ela olhou-o e soube que já não era ele que ali estava, mas apenas um invólucro, uma pele seca de bicho, que se descascara, caíra e ficara para trás, misturada com as folhas e a terra, desfazendo-se em húmus. E percebeu que chegara o momento de o deixar ir, pois só assim poderia continuar a seguir-lhe o trilho. Pegou ao colo no que sobrara dele e pouso-o sem pressas na água morna da banheira. Viu-o adormecer. Medicou-se excessivamente e deitou-se ao lado dele; os dois, ali, abraçados, por fim num sono sem sonhos nem tremuras.


Reencontraram-se do lado de lá, dizem que ao som de violinos, e que ele terá desatado a correr via láctea abaixo, num passo firme e coordenado (daqueles de atleta), a abraçá-la com tamanha força que ela terásentido estalarem-se-lhe as vértebras, sob o fulgor feliz daquele amplexo musculado. Parece que se sentaram algures por ali, à conversa, onde aguardaram a passagem da vida seguinte, para dentro da qual saltaram, de um pulo e de mãos dadas, mal esta lhes abriu as portas da frente. "

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