domingo, julho 04, 2010

Clementina

O pátio fica por baixo da rota dos aviões comerciais que rumam para o sul. Nas noites quentes Clementina vai buscar um banco de madeira e senta-se a olhar o céu. Do luzeiro habitual das estrelas, cintilante e fixo, destacam-se as linhas horizontais dos aviões, pisca-piscas móveis a tracejar a escuridão.
Em noites límpidas, quando só o bruxulear da respiração acode aos vivos, Clementina deixa-se ficar a sonhar com viagens impossíveis e pensa nas pessoas que voam sobre os muros do seu pátio, livres como luzicus.

Sem comentários: