No cemitério de Saint-Charles a secção das crianças fica na parte mais alta.
Anjos de mármore branco de uns cinquenta cêntimos fazem com a luz do céu ricochete sobre os túmulos estreitos.
Uma criança de cinco anos, morta em 1942, tinha um companheiro da mesma idade que, no dia do seu enterro e nas semanas seguintes, afirmara aos pais que não abandonaria o amigo e iria em breve brincar com ele debaixo da terra.
As fábricas de Creusot foram bombardeadas um ano mais tarde. A criança morreu num desses bombardeamentos. Repousa ao lado da campa do seu amigo.
Aqui, com um pouco de silêncio, pode ouvir-se a dor e o pranto das famílias.
Com um silêncio um pouco mais profundo conseguimos surpreender os risos dos dois inseparáveis, ocupadíssimos a brincar após a festa do reencontro.»
(Christian Bobin, em "Ressuscitar")
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