Uma tarde, com a carrinha atulhada de miúdos , passei por Chalon-sur-Saône.
Lembro-me das casas douradas sobre o rio, a estrada a serpentear entre bungavílias e aquelas rotundas carregadas de cores como um jardineiro gordo. Atrás, as crianças cabaceavam de sono, pelo retrovisor espreitava-lhe as pálpebras semiestremunhadas pelo embalo, as bochechas inclinadas para o lado , a covinha no queixo, a sombra doce das pestanas, caracóis, trancinhas, todos os pequenos encantamentos secretos que enchem o coração das mães,
Talvez a vida seja apenas isto - um fragmento atrás de fragmento, um vislumbre da beleza absoluta, uma levíssima aproximação ao mistério.
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