quarta-feira, novembro 29, 2006
Os intocáveis
A propósito da sua investigação antropológica sobre as castas de intocáveis, na índia, Rosa Maria Perez alertava para a nossas próprias categorias antropológicas de castas e intocáveis, nas sociedades ocidentais.
Dito de outras forma, quando estamos imersos num determinado referente cultural aceitamos como “natural” e definitivo, como algo de evidente e inquestionável um conjunto de representações sociais, modelos comportamentais e papéis prédefinidos que são interiorizados e incorporados como uma segunda pele sem que um juízo crítico de autoreflexividade permita destrinçar o que é verdadeiramente o EU e o que é circunstância cultural ou contingência.
Cada vez mais vivemos numa sociedade rigidamente estratificada, aglutinada em pequenas tribos impermeáveis, com pouquíssima interpenetração ou diálogo fusional com outras realidades ou outros grupos de pessoas.
O Outro é cada vez mais o estranho, o alien, percepcionado como alienado da realidade que nos é oferecida e que fazemos nossa, e julgamos única, última, verdadeira, sem que uma ponte ou uma ligeira interrogação nos faça intuir que o outro também é pessoa.. Há cada vez mais intocáveis, numa lógica de distanciamento do outro e de manutenção de territórios físicos, ideológicos, estéticos, políticos.
Cada grupo social elege a sua própria casta de intocáveis.
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