sábado, novembro 25, 2006

As dores das mulheres


As dores de parto e ao acto de parir , foram até há pouco tempo as experiências mais trágicas porque passavam as mulheres. SEM contracepçã0o eficaz e sem assistência médica , o risco de mortalidade mulheres era tão elevado ( e ainda continua a ser e países em que as mulheres não têm cuidados médicos) que a esperança média de vida das mulheres não ultrapassava os quarenta anos.
Para além do risco de vida, das mutilações provocadas por partos violentos, ( como fístulas e lesões permanentes), havia o próprio processo de parto em si, prolongado ( ás vezes durante dias) no meio de dores excruciantes. Não havia qualquer tipo de anestesia e todas das manobras obstétricas eram realizadas assim, mesmo as cesarianas .

A experiência e dor das mulheres foi objecto de muitos discursos ideológicos e sobretudo religiosos. Quando surgiram as primeiras tentativas mais ou menos eficazes de controlar a dor do parto , as reacções não se fizeram esperar.
Em 1847, James Young Simpson, um professor de obstetrícia de Glasgow, ao verificar as suas propriedades analgésicas e anestésicas começou a usar o clorofórmio para aliviar as dores de parto.
O clero e a autoridades religiosas opuseram-se afincadamente.
Uma imposição bíblica e a própria vontade de deus estavam a ser postas em causa quando se diminuía a dor as mulheres. Em última análises para além de violação de princípios éticos, a degradação da sociedade era uma consequência evidente...
“O clorofórmio é uma armadilha de Satanás, oferecendo-se aparentemente para glorificar as mulheres; quando , isso vai embrutecer a sociedade e roubar de Deus os mais profundos e ardentes clamores que surgirão em momentos de dificuldades, pedindo ajuda.”
Outra “suspeita “sobre o uso do clorofórmio foi imediatamente avançada – a ideia de que teria propriedades afrodisíacas nas parturientes.
Ao ler o que actualmente se escreve sobre as mulheres e o seu corpo grávido, não posso deixar de pensar que muito pouco mudou.

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