domingo, novembro 26, 2006

Da morte e da vida


Este belíssimo texto foi escrito por uma bela mulher. Porque a morte existe, mas a respiração do nosso sentir não morre , aqui fica a minha homenagem:
“Nunca quis um vestido a sério, pareciam-lhe sempre esbranquiçados pela força do uso e costume social. Em vez de alvura virgem via neles trapos desenhados para conter as infiltrações do amor. As infiltrações são sempre exteriores, pensava, a guerra bacteriológica que é passear um amor pelas ruas, avenidas, países, horas e anos sem que este seja contaminado. O cansaço. Depois ele oferecia-lhe um pirilampo cortado rente na erva que o segurava, uma luz trémula e assustada, à beira do ataque cardíaco, repousava-lhe nas mãos durante uns minutos e apagava os candeeiros, a lua, a chuva, os relâmpagos. Amar é estar no palco, pensava, o foco sempre dirigido aos nossos passos, a insegurança de falhar perante uma plateia onde todos têm a nossa cara. Quando é que é ensaio e quando é que o espectáculo já começou? Quanto dura a temporada? Será itinerante?”
Cláudia

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