sexta-feira, novembro 10, 2006

A contracepção eficaz reduz o aborto

Num Blogue do Não:

“Mas o estudo aborda também a relação entre a contracepção e o aborto, concluindo que a mudança para a contracepção moderna por parte das mulheres que usam contracepção tradicional (15% em média) e que não usam qualquer contracepção (9% em média) reduziria o aborto, em média, em 57%.
Mesmo abstraindo-nos da grandeza dos números, torna-se evidente que a aposta na informação e disponibilização de contracepção tem um impacto directo na redução do aborto”

De facto :
Generally, there is a clear relationship between abortion and use of traditional contraceptive methods: the greater the ratio of traditional methods to all methods used, the higher the level of abortion (figure 4). A simulation using data from Armenia, Azerbaijan, Georgia, Kazakhstan, the Kyrgyz Republic, Romania, Russia, Turkmenistan, Ukraine and Uzbekistan showed that if women using traditional methods (an average of 15 per cent of all women of reproductive age) were to switch to modern methods of contraception, which have low failure rates, abortion rates could be reduced by an average of 24 per cent. If women with an unmet need for any contraception (about nine per cent of all women) were to adopt modern contraception, abortion rates would be reduced by an average of 33 per cent. Thus, abortion rates could be reduced by as much as 57 per cent on average if both traditional method users as well as women with an unmet need for family planning were to become users of modern methods (Westoff, 2003)."

Ora parece que finalmente estamos todos de acordo, mesmo as organizações que têm feito campanhas contra a pílula e o preservativo ou abaixo assinados contra a Educação Sexual nas escolas.
Só falta que a Igreja Católica venha defender em público a contracepção eficaz em vez de métodos contraceptivos falíveis e a disponibilização de Meios contraceptivos como a pílula e o preservativo como forma de prevenir o aborto. Por uma questão de coerência.

2 comentários:

Vito disse...

Cara Bluesmile,
Fico contente por ver que se começam a relacionar estas duas realidades, mesmo da parte do "Sim".
De facto, entendo que o grande perigo desta mudança legislativa é que o aborto possa começar a ser encarado como o 3º grau de controlo (após a contracepção e a pílula do dia seguinte). E se as pessoas começarem a perceber isto, pode ser que mudem de ideias.
Perde-se tempo e dinheiro a discutir uma situação fracturante da sociedade em vez de se investir no planeamento familiar e numa política de educação sexual e contracpção gratuita (estou certo que será sempre mais económica, eficaz e pacífica que a da liberalização do aborto).
Por fim deixe-me que lhe diga que fiquei desiludido com a relação que fez entre a oposição da Igreja perante a contracepção e o aborto. É que não tem nada a ver pois estou certo que quem não usa contraceptivos por causa das orientações da Igrejaa também nunca abortará...
É apenas um argumento que já ouço desde as minhas discussões na adolescência e contava um pouco menos de falácias nesta sede.

BLUESMILE disse...

Vítor:

Pareces ignorar factos básicos:

1 - Como sabes a Igreja, doutrinariamente, condena como "moralmente ilícita" qualquer tipo de contracepção eficaz.
Ora se a contracepção eficaz reduz o número de abortos, as orientações da Igreja contribuem directamente para o aumento do número de abortos.

2 - As "camapanhas ideológicas" da igreja sobre estes temas, têm algum impacto nos crentes mas também nos não crentes.
SE um Cardeal vem afirmar publicamente que o preservativo não protege da SIDA ( recorrendo-se de um discurso falsamente científico) isso contribui para que algumas pessoas mais influenciáveis e pouco esclarecidas não o utilizem.
SE um padre afirma do seu púlpito que a pílula anovulatória ou o DIU são métodos abortivos, pode haver pessoas que excluam estes métodos contraceptivos e, indirectamente, está a contribuir para o aumento do número de abortos.

3 - São Os movimentos ditos pró-vida quem faz uma clivagem radical com a prevenção o Aborto.

A generalidade desses movimentos faz campanha agressivas contra o Planeamento Familiar, é absolutamente contra a contracepção gratuita e contra a Educação SExual nas escolas.
E alguns elementos da hierarquia da Igreja católica têm apoiado activamente estes movimentos e esta ideologia que, embora minoritários têm ganhado alguma visibilidade social em Portugal nos últimos oito anos.

Todos sabemos isso.

Ou seja, contribuem efectivamente para o vergonhoso número de abortos clandestinos realizados em Portugal.