domingo, abril 13, 2008

Os velhos


A catedral é esplendorosa sob um sol radioso entremeado de chuva.
Lá dentro, entre plácidos turistas perdidos sob a luz dos vitrais decorre uma celebração. Gente velhíssima segue o culto.
O padre é igualmente velho, tão velho como a velha solista que entoa em voz lamuriosa salmos de esperança. O senhor é meu pastor, derrama-se o salmo pela musicalidade das abóbadas. E no entanto, o velho padre, na homilia, balbucia ferozes tristezas e calamidades, de uma desesperança incongruente e patética.
Eu sou o bom pastor, repete inutilmente Cristo.
Ninguém o escuta, muito menos os padre, que inicia um discurso niilista sobre a comunicação social. Enquanto fotografo um capitel questiono alguém – mas o que se passa? Zapatero toma hoje posse, respondem-me. Estão furiosos!
Pobres almas, que se servem dos salmos mais doces e das palavras mais belas do evangelho para vomitar ódios antigos de velhos púlpitos.
Não admira que as igrejas se esvaziem de fiéis e se encham de turistas.

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