Li, por estes dias, as memória de uma das criaditas de salazar e a sua visão infantil de fim de regime. A petite histoire revela aquele toque de perversidade com sabor a moralismo, tão típica do velho regime.
A imagem do ditador decrépito rodeado de um bando de ninfetas que o adulam e que ele gosta de ver a tomar banhos de mar às sete da manhã, eriçadas de frio, é uma delas. Outra é o prazer que o velho tem em ver-se rodeado de miúdas que lhe contam histórias ( apesar dos ciúmes da governanta) , ou a cena de irem todas despedir-se à noite ao quarto do ditador.
Mas o ex-libris desta moral fascistóie é o que o regime fez à sua governanta, Dona Maria, um cão de fila apaixonado que deu a vida por Salazar e nas exéquias se assumiu como única viúva. Marcelo Caetano deu-lhe três dias para saír de S. Bento - como um cão escorraçado - depois de décadas em que a governanta punha e dispunha do palácio ( e, em parte, do país). Este escorraçamento só tem paralelo com o facto de o cadáver de Dª Maria, a governanta de Salazar, ter sido submetida a um exame ginecológico post- mortem para confirmar a virgindade. Em nenhum lugar do mundo se faz isto numa autópsia a um cadáver de uma octogenária (a não ser que haja suspeita de crime sexual). Mas à governanta de Salazar foi feita. E esta quase profanação de cadáver, foi só para saber se Salazar tinha ou não tido coito com a pobre mulher.
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