quarta-feira, abril 04, 2012

E no entanto move-se

O Cardeal Carlo Maria Martini declarou publicamente que é favorável ao reconhecimento do casamento civil de casais homossexuais. Sendo um Cardeal que por pouco falhou a eleição papal, estas palavras, que até agora não deram azo a nenhuma versão a contrario do Vaticano, são muito importantes e representam uma tendência de mudança na atitude oficial.

Isto numa Igreja católica que há apenas algumas décadas, mandava castrar meninos como cura para a homossexualidade e onde o bafio do ódio teima em persistir.

De resto, para Montini, um bispo é chamado primeiramente a estar "atento aos pobres, aos encarcerados, aos doentes, aos estrangeiros", mas também a quem é obrigado a viver fora da Igreja "como os separados, os divorciados e os homossexuais".

Para Martini, o comportamento homossexual, "No mundo atual, tal comportamento não pode ser, por isso, nem demonizado nem ostracizado. Estou pronto até para admitir o valor de uma amizade duradoura e fiel entre duas pessoas do mesmo sexo. A amizade sempre foi tida em grande honra no mundo antigo, talvez mais do que hoje, embora ela fosse amplamente entendida no âmbito daquela superação da esfera puramente física da qual eu falei antes, para ser uma união de mentes e de corações. Se ela for entendida como doação sexual, então não pode, a meu ver, ser elevada a um modelo de vida, como pode ser uma família bem sucedida. Esta última tem uma grande e incontestável utilidade social. Outros modelos de vida não podem sê-lo da mesma forma e, principalmente, não devem ser exibidos de modo a ofender as convicções de muitos."

E o cardeal acrescenta:

"Eu não entendo por que o Estado encontra dificuldades para reconhecer tais uniões, mesmo respeitando o papel fundamental da família tradicional para a organização da sociedade, e por outro lado custa-me a compreender porque a maiores resistências vêm da Igreja Católica, que, ao menos na Itália, se mostra muito pouco tolerante com relação à ideia de ampliar os direitos a todas as uniões. Porquê tanta contrariedade, a julgar pelo pensamento que é comumente difundido e divulgado?"

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