A chuva abate-se sobre o rio em pedradas de água. O verde escuro corrói a escassa luminosidade do café de fim de mundo. Dois clientes perdidos na tarde bebem cervejas, a humidade penetra nas cores das mesas e cadeiras rosa-verde pálido, o plasma - atacado talvez pela levedura pardacenta da chuva - deixou de funcionar. A mulher aflige-se com a falta do futebol domingueiro da sport TV e a solidão do café quase vazio. O sol 'inda não se pôs, mas há um tom de fim de acabamento nas coisas todas, o plasma avariado, o jogo do porto que ninguém vai ver, a manta do frio a embrulhar o rio, uma espécie de beijo molhado a humedecer a pele.
A mulher abana o comando, já conformada.
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