quarta-feira, março 26, 2008

O pior cego é o que não quer ver



A análise das imagens não deixa dúvidas. Uma sala de aula normal, bem equipada, uma turma pequena, alunos que aparentemente pertencem a um contexto socioeconómico de classe média ou eventualmente classe média alta. Nada do cenário catastrofista dos profs vitimizados por bandos de potencias serial-killers.
Nada nas imagens permite deduzir que são alunos particularmente problemáticos ou violentos.O que é então chocante, nestas imagens?
O facto de haver um adolescente “engraçadinho” que tenta por todas as formas chamar atenção dos seus pares – e da professora - na esperança que alguém lhe imponha limites?
Não, nada disso é chocante. È um comportamento adolescente típico. Comum em quase todas as salas de aula.Mais uma vez, há colegas importunados por este comportamento turbulento e manipulativo.
O que é chocante, da observação das imagens, é verificar que em alguns momentos da aula, tudo acontece com um professor completamente desatento aos contextos e às interacções dos alunos. Tem-se a impressão de que os alunos estão completamente em “roda livre”, entregues a si mesmos, face a um adulto professor que se demite do que se espera de um adulto – supervisionar as dinâmicas do grupo, impor limites, sinalizar comportamentos inaceitáveis. Estar atento, simplesmente.
Se este é o clima institucional e organizacional que se vive nas nossas escolas, acho que a cena do telemóvel é perfeitamente compreensível e expectável.
Nota final – A professora em causa pode até ser uma excelente profissional, com um momento de desatenção ou de cansaço que todos nós podemos ter.
A questão não é esta professora em si mas o ambiente, o comportamento e uma atitude de total lassidão e desatenção que “grassa” no corpo docente e que se traduz por expressões do tipo – “não estou para me maçar”. Recomendo-lhes a leitura de O Deus das Moscas, do Nobel William Golding
Depois não se queixem.

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