Fernando Pessoa, afogado em alcoól escreveu monólogos translúcidos num quarto andar da rua dos douradores. Esses monólogos ou poesia pura, decantada dos delírios tremens mais viscerais, estão muito próximos das profeciais mortes que iluminam o mundo.
Não é à toa que um poeta agoniza.
"Escrevo, triste, no meu quarto, quieto,sozinho como sempre tenho sido, sozinho como sempre serei. E penso se a minha voz, aparentemente tão pouca coisa, não encarna a substância de milhares de vozes, a fome de dizerem-se de milhares de vidas, a paciência de milhões de almas submissas como a minha, no destino quotidiano ao sonho inútil, à esperança sem vestígios".
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