No portão de ferro forjado entreaberto para o jardim, a luz toca a sua pequena flauta.
Um restolhar sobe dos gonzos a chiar impaciências antigas, vernizes estaladiços de memórias.
A certeza da presença num portão entreaberto para o jardim.
À esquina das casas, mesmo à esquina, na dobra do cotovelo da tarde, demora-se o sol, esquecido de se recolher a horas, pasmado sobre o verde esmaecido do portão.
E eu pasmo-me também.
Eu e o sol demoramo-nos, pasmados, à porta do jardim entreaberto.
Tudo em volta escureceu já, enquanto o jardim se ilumina numa luz encantatória que mergulha nos meus olhos, azul turquesa, doirados macios, o beijo da noite finalmente adiado.
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