È Violento, o machismo?
Sim. Na sua forma mais óbvia e sangrenta, aos pequenos trocadilhos do quotidiano sobre as mini saias e as pernas das mulheres, ou sobre inevitável frivolidade maligna do feminino. Tudo isso foi esgotado na discussão do referendo.
Não é à toa que se tecem comentários idiotas sobre as pernas das mulheres-objecto e se compara ao mesmo tempo o acto de abortar à escolha de um vestido. Azul, claro, versão floriibela, boazinha, mas muito pobezinha e muito trabalhadeirazinha e muito tontinha.
Como diria o Ricardo Araújo, no seu brilhante sketch do Marcelo, Vou ao cinema, não há bilhete, olha, vou ali abortar. Ou comprar um telemóvel, como diria o outro.
São assim os machistas.
Não têm útero, nem fisiológica nem simbolicamente. E, mesmo que o tivessem ( que o machismo não é exclusivo de machos), não saberiam como usá-lo nem o significado de gerar e parir.
O que os preocupa, aos amputados de útero?
Uma única coisa – que as mulheres possam escolher.
O medo das mulheres, da sua escolha, da sua liberdade, do seu poder.
Não há nada de mais violento e machista do que a observação alarve sobre a necessidade de impedir que uma mulher possa escolher.
Sem comentários:
Enviar um comentário