quinta-feira, julho 17, 2008

Paris vale bem uma Missa

Confesso – nuca “assisti” a uma missa tridentina. Em parte porque o rito já tinha sido abandonado quando comecei a ir à missa, em parte porque não domino o latim, em parte porque me parece que a missa, ou Eucaristia, parafraseando alguém, não se pode transformar num acto de Voyeurismo sacro, como parece que alguns pretendem.
Entretanto uma alma caridosa decidiu enviar-me uma missa tridentina, para estimular a minha veia piedosa e me converter das heresias. E com a indicação de que assistir à missa no youtube
tem o mesmo valor que assistir á missa na TV , e portanto iria assistir a um sacrifício em directo on line.Pareceu-me uma modernice descarada vinda de quem vinha, os puristas medievos antitecnologias, mas pronto.
Fiquei com a impressão de que para alguns tridentinos, a encenação é algo de mórbido, e um bocadinho próximo dos smuff movies, mas lá me esforcei.
Bem - confesso que não consegui assistir até ao fim. Fiquei com demasiado sono – e compreendi melhor porque é que chamavam à cerimónia o santo sacrifício incruento. È realmente um sacrifício. Que poucos são capazes de aguentar. Quanto ao resto, à parte de ser completamente ininteligível devido ao latim ( poderia ser em chinês ou em lárabe, seria o mesmo efeito) achei piada à coreografia dos homens no altar, aos beijinhos nas mãos trocados entre eles, ao número ritualizado de genuflexões sincronizadas ( uma espécie de aeróbica sacra) e à imensa profusão de incenso e incensadelas capaz de provocar ataques de asma aos mais susceptíveis, sobretudo tendo em conta os bocejos irreprimíveis durante o cerimonial.
Ficou-me outro pormenor que achei encantador, mas muito pouco de acordo com a circunspecção tradicionalista – as vestimentas profusamente rendadas e coloridas dos padres, em tons fulgurantes de dourados e com flores vivas. Muito gay.

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