A missão dos poetas ( ou dos santos) é adentrarmo-nos. Penetrar nas coisas todas até não haver raízes nem fronteiras, até a pele estalar no todo que somos e vivemos, para ser todo sê inteiro escrevinhou Pessoa na sua lucidez etílica, mais não buscar que isto, a inteireza aguda do mundo todo dentro de um corpo. Tomai e comei, este é o meu corpo, neste narcisismo integrador há uma generosidade extraordinária, ou seja, quanto mais íntimo e egocêntrico o poeta é, quanto mais fundas as feridas expostas, as flatulências emocionais, os tremores onanistas mais universal é a sua escrita.
Buscar o suspiro das coisas todas é o labor interminável do poeta.
Adentrar-se em si mesmo como um cego acordado.
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