O senhor Jorge, o canalizador , trabalha de sol a sol. Como é um homem honesto paga integralmente os seus impostos. Estes impostos servem para pagar a escola pública,mas também os caríssimos colégios privados que tem contratos de associação.
Como ao lado da sua casa há um belíssimo colégios privado com contrato de associação o senhor Jorge, que paga os seus impostos e financia o ensino dos outros, sempre achou que com o seu esforço fiscal estaria também a contribuir para a educação do seu próprio filho.
Animado da mais inflamada liberdade de escolha, deslocou-se à secretaria do colégio para inscrever o filho - bom aluno, um miúdo excepcional - que é o orgulho do senhor Jorge.
Estacionou a Ford Transit no parque da escola, sem se deixar intimidar pelos Volvos, BMW e jipes de alta cilindrada, cumprimentou o porteiro ( que o confundiu com um trabalhador de manutenção) e entrou na secretaria. A menina que o atendeu, depois de o mirar ostensivamente de alto abaixo, com um trejeito ligeiramente enjoado na comissura dos lábios, riu-se um bocadinho quando ele lhe disse que queria matricular o filho. no Colégio.
Com um gélido ar de freira noviça, explicou-lhe rapidamente , que para o próximo ano lectivo não havia vagas. Nem uma. O colégio estava, literalmente , à cunha.
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