segunda-feira, janeiro 24, 2011

Eleições presidenciais

Não deixa de ser engraçado que entre os grandes derrotados nas eleições de domingo, se acotovelem, numa irmandade nostálgica, os católicos integristas de extrema-direita e os mais acérrimos bloquistas de esquerda. Uns e outros, por razões diferentes,  detestam o parolo de boliqueime que promulgou certas leis e mais depressa votariam num barbudo poeta que gosta de caçadas e não esconde um pendor elitista próximo do assomo monárquico.
Por mim, não tive dúvidas sobre os resultados eleitorais. Ontem às 15h, ao votar rodeada de casacos de pele e visons - à minha frente, uma dama imensa, exibia mesmo à volta do dorso uma pele de raposa com cabeça e tudo - tive a certeza que Cavaco Silva teria uma maioria à primeira volta. Não é à toa que tantos casacos de peles se amarrotam em assembléias de votos. A escola, fresquinha de obras e com equipamentos de ponta a lembrar a todos o investimento socrático no ensino público, parecia uma passerele de velhas senhoras decrépitas. O voto feminino deve ter decidido estas eleições - o charme cavaquistas índa faz palpitar muitos corações.
De resto, à excepção do pobre Portas que não tem muito pudor em salivar publicamente pelo poder, esta vitória contentou a maioria dos portugueses, socialistas em primeiro lugar. Sócrates deve ter aberto uma garrafa de champanhe - arrumou de vez o Alegre e seguidores.
Com Cavaco,   Sócrates garantiu a continuidade no poder, o que só pode ser uma boa notícia para todos nós. Sócrates é de facto o único político com suficiente resiliência e sentido estratégico para governar o país num momento de crise internacional. Passos Coelho não quer de forma alguma assumir a governação nas actuais condições. E Cavaco, tenho a certeza que prefere Sócrates a Coelho ( refiro-me ao Passos, não ao outro), por uma questão de competência.

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