quinta-feira, outubro 13, 2011

A Tradição ainda é o que era

Eu gosto da duquesa de Alba.
Gosto como quem gosta de coisas bizarras que nos enternecem, como aqueles cãezinhos de raça monstruosos e cheios de rugas.
È que a duquesa de Alba é uma mulher feia, tenebrosa mesmo, com aquele rosto desfigurado por cirurgias plásticas. Representa tudo o que há de mais óbvio nestas coisas da realeza - nunca fez mais nada na vida a não ser usufruir do dinheiro e da posição social que herdou - ou seja divertir-se à brava,  gastar fortunas em caprichos e degustar uma razoável colecção de amantes.
O ùltimo capricho foi um casamento serôdio com um caçador de dotes charmoso ( bastante velho também, mas que ao lado dela parece um ingénuo jovem). Que uma múmia  nonagenária leve avante o seu capricho final e consiga comprar um marido contra tudo e contra todos,  parece-me uma bela imagem da realidade em que vivem os suspirantes monárquicos. No entanto um pormenor da boda emocionou-me:   a noiva decrépita usou umas meias de rede cor-de-rosa ( iguazinhas às meninas dos cabarets) mas sob o rendilhado viam-se as tenebrosas manchas arroxeadas de umas pernas corroídas pela velhice. E, contra todas as expectativas, a múmia dançou.

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