O conhecimento moral não tem uma natureza diferente da do conhecimento em geral: “a cognição moral e social, bem como o comportamento moral e social são actividades do cérebro, não menos que qualquer outro género de cognição e comportamento.”
Não é aceitável considerar que “a verdade das proposições morais se fundamenta em algo diferente do modo como o universo material está estruturado”... Seria absurdo acreditar que existe alguma forma meta-empírica de conhecimento moral ou de acesso a ele. Por conseguinte, “as verdades morais são basicamente tão fortes e objectivas como quaisquer outros géneros de verdades, mas esta objectividade não se fundamenta na razão pura ou em qualquer outra base não empírica. Ela fundamenta-se de forma muito semelhante ao modo como se fundamenta a objectividade dos factos científicos”. (…)Isto tem como imediata consequência que qualquer alteração na concepção da estrutura da ciência, nomeadamente quanto ao modo como o nosso conhecimento científico emerge dos factos empíricos, implica automaticamente uma modificação semelhante na concepção da génese e natureza do conhecimento ético. Foi precisamente uma tal alteração que aconteceu com o desenvolvimento das ciências cognitivas, as quais proporcionaram, como sublinha Churchland, uma nova maneira de entender como o cérebro humano chega à compreensão e formulação das proposições científicas. Consequentemente, obtivemos também, com a mesma revolução cognitiva, e segundo o mesmo autor, uma nova maneira de entender como o cérebro causa o comportamento ético e chega à formulação de proposições éticas, sem que estas tenham, por si mesmas, qualquer papel causal naquele comportamento. “
Texto de Alfredo Dinis
A ler: Paul Churchland, “Neural representation of the social world”, em L. May, M. Friedman, A. Clark (eds.), Mind and Morals. Essays on Ethics and Cognitive Science, Cambridge, Mass: MIT Press, 1996
Paul Churchland, A Neurocomputational Perspective. The Nature of Mind and the Structure of Science, Cambridge MA: MIT Press, 1989, p. 297.
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