Um amigo meu que trabalha nas urgências , costuma dizer a propósito de gente maldosa,vizinhos irascíveis ou políticos incompetentes:
- Deixa,o mundo é pequeno e mais tarde ou mais cedo passam-me pelas mãos.
- Deixa,o mundo é pequeno e mais tarde ou mais cedo passam-me pelas mãos.
E o que é curioso é que realmente acontecia, não uma, nem duas, nem três vezes. Gente que tinha sido rude, mal educada ou simplesmente filha da puta, acabava por se encontrar com ele cara a cara, numa maca da urgência, ele de estetoscópio na mão e sorriso melífulo:
- Então , por cá?
Os panhonhos, que já estavam de rastos ou a contorcer-se com dores, empalideciam de pânico.
Aconteceu assim com o amante da ex-mulher, um ano a seguir ao divórcio, atropelado na passadeira; foi assim com um polícia de trânsito guloso de multas, que três dias depois foi parar ao hospital com uma precordialgia; aconteceu assim com a vizinha do terceiro esquerdo quando lhe destruiu a roseira favorita: uma semana depois fez uma reacção alérgica a marisco que a deixou mais morta que viva, de uma cor arroxeada que lhe ia custando o bafo .
E o meu amigo, sempre solícito, excelente profissional, lá os safava a todos, não sem antes lhes fazer a perguntinha sacramental, de sorrisinho ácido:
- Então , por cá?
A coisa tornou-se tão repetitiva que parecia bruxedo,mal o meu amigo recitava a frase fatídica a propósito de um qualquer incidente, (- Deixa,o mundo é pequeno e mais tarde ou mais cedo passam -me pelas mãos),sabíamos que era apenas uma questão de tempo até o desgraçado ir parar ás urgencias.
É por isso que tenho andado com pena do Passos Coelho.
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