"Este governo oculto depende mais de solidariedades partidárias do que de qualquer outra lógica, serve para dar empregos e carreiras e prestar serviços de todo o tipo, económicos e políticos. Carreiras invisíveis para a opinião pública, de personagens secundárias a não ser nos “serviços” prestados ao partido. Aparecem como detentoras de grande poder, passando por cima de muitos outras pessoas, algumas com nome, mas que parecem que só emprestaram o nome e recebem os proveitos, sem serem tidas nem achadas em negócios de milhões. Claro que não podiam ignorar, a não ser que a lógica do sistema fosse os seus nomes servirem de cigarras para tapar as formiguinhas diligentes que trabalham para si próprios e para o “chefe”. A perversão de todo este sistema de governo oculto, que se estende do PSD para a administração, para as empresas públicas, para os “amigos” no privado e na comunicação social, é uma ameaça para a democracia, porque nada disto tem o necessário escrutínio. Já nem sequer me refiro ao escrutínio judicial, que todos tememos ficar à porta de redes de influência muito poderosas, nem ao político, para o qual a ausência do primeiro deixa tudo manco. É, é o polvo, um bicho simpático e inteligente que não merecia servir para descrever estes tentáculos."
A prosa é do Pacheco e adapta-se integralmente à situação da Madeira.
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